Universidade é lugar para pobres?
Por Betto Ferreira
O texto abaixo foi publicado em 1991 pelo Diário Popular (SP). Nele, eu manifestava a minha indignação em relação à necessidade de programas de apoio ao ingresso dos jovens em cursos universitários patrocinados pelas Universidades públicas de nosso País, fato esse que prejudicava, principalmente, os jovens das classes mais pobres. Será que hoje em dia ainda é assim ou alguma coisa já mudou em relação ao assunto?
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No Estado de São Paulo, que detém um grande número de escolas privadas de nível superior, os preços são um absurdo – ainda mais agora com a liberação de reajustes das mensalidades, através das medidas provisórias emitidas pelo Governo.
Na universidade São Judas Tadeu, por exemplo, localizada no bairro da Mooca, - tendo esta um razoável conceito no Estado – o curso mais barato chega a Cr$ 28 mil, o mais caro, Cr$ 45 mil. Para subsidiar os estudos, por conta própria, nessa Escola, o aluno teria de ter um salário mensal de, no mínimo, Cr$150 mil. Na FMU, FGV, PUC, Metodista e outras escolas mais conceituadas, os valores são o dobro ou triplo da escola acima citada.
O que mais desagrada estes jovens, no entanto, é saber que nas duas únicas escolas públicas no Estado, USP e Unesp, as cadeiras estão ocupadas por alunos ricos, que poderiam muito bem subsidiar seus estudos.
Desta forma, o Governo, que defende a iniciativa privada, não está nem um pouco preocupado com o progresso do País e tão pouco com a juventude deste. Enquanto isso, o sonho de ingressar na universidade está se tornando uma utopia para a grande maioria dos jovens brasileiros, uma vez que, também, os investimentos no setor da educacional continuam bem abaixo da necessidade.
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