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Publicação: livro

Novo livro do prof. Betto Ferreira aborda educação por meio de crônicas

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Publicação independente com o selo da editora Uiclap, o livro Pedagogia da Indisciplina: crônicas de sala de aula reúne uma antologia de crônicas “supostamente pedagógicas”, conforme o próprio autor, o professor Betto Ferreira.  A intenção não é ditar um manual de pedagogia (“longe disso”, diz), igual a muitos que existem à disposição do leitor, mas registrar certos fatos e ocorrências vivenciados dentro da sala de aula e no entorno dela, sem ser enfadonho no jeito de dizer. Modéstia do autor à parte, as crônicas aqui reunidas não só não são enfadonhas como são literariamente ricas, tanto no estilo quanto no abordagem despretensiosa do assunto. E por mais que não seja esta a intenção,  de forma simples e corajosa,  dizem muito do ambiente escolar que temos no nosso país. Além disso, a obra é particularmente interessante por trazer a visão do professor (a), quase nunca ouvido (em especial nos dias de hoje) e cujo valor social merece ser resgatado. "Não deixa de ser também uma h

O cão e a loba

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  Nossos sentimentos, nossas emoções e nossos comportamentos são a parte da Natureza em nós(...). Quem se submete a eles não pode possuir a autonomia ética. Kant.                 Ilustração do autor Betto Ferreira Na falta de machos, uma vez que a imensidão da floresta tornava os lobos mais dispersos, certas lobas estavam se debandando para o lado dos cachorros, já que são um tanto parecidos. Ansiavam desesperadamente por um caçador raçudo ou mesmo um vira-lata que fosse.             Numa tarde infeliz, encontrando um belo Cão, uma Loba atacou: - Olá, cachorrão, te acho o maior gato! Que tal darmos umas voltinhas pela floresta? Surpreso com a cantada da loba, o cachorro gaguejou: - Minha cara loba..., pelas aparências, sei que a   gente tem tudo a ver... Mas não é bem assim..., tenho lá minhas cachorras... e não ia ficar bem se me virem por aí com uma loba... - Ah, não sejas homem, cachorrão!, apelou a loba , avexada. Para que tantos pormenores? Ainda por cima, nós, as lobas, somos mui

O voo da tartaruguinha

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A escolha de vida que fazemos tem sempre lugar sobre a base de situações dadas e possibilidades abertas.  Merleau-Ponty     Ilustração do autor Betto Ferreira  E mbora o fizesse, o Gavião não queria que soubessem que era ele o comedor de indefesos filhotes da floresta. Certa vez, sobrevoando os arredores, a   esperta ave de rapina avistou lá embaixo uma jovem tartaruguinha que se arrastava sem destino. Não pensou duas vezes. Ali estava a saída para o seu plano. Precisava continuar fazendo o que sempre fizera   sem levar a culpa de nada. Desceu rapidamente, em voo rasante, e, de surpresa, fez a ingênua e pueril tartaruguinha encolher-se toda em seu casco. Depois de alguns minutos, ainda   se recompondo do susto, e já sentindo as garras do terrível predador torturando seus ossinhos, a jovem tartaruguinha disse, prevendo um terrível fim: - Olha, seu Gavião, se quiser me comer me coma que eu não tenho ninguém   mesmo nesse mundo. -Não tenha medo, minha jovem. Disse o Gavião meio que tripud

A jacaré dos ovos de diamantes

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   Se há, pois, escravos por natureza, é porque houve escravos contra a natureza. A força fez os primeiros escravos, sua covardia os perpetuou. J.J. Rosseau (in: O contrato Social)     Ilustração do autor Betto Ferreira Era uma vez um homem que encontrou, às margens do rio, um filhote de jacaré e o levou ara casa.             A mulher do homem, ao ver o pequeno animal, logo se engraçou pelo bichinho. Deu-lhe até um nome: Miúda, pois era um jacaré fêmea.             Miúda crescera e tornara-se uma jacaré adulta.             Miúda era uma jacaré fêmea como outra qualquer.             Até que um dia, para surpresa dos donos, miúda botou um ovo de diamante.             Quando viu o feito de Miúda, a mulher, entusiasmada, gritou para o marido: -          Vamos ficar ricos, meu velho! A mulher, então, passou a cuidar da jacaré com muito mais cuidado do que antes. Miúda era agora tratada com muito zelo e alimentada com carnes selecionadas, lingüiças importadas, peixes especiais e aves raras.

O cozinheiro e os ratos

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Ilustração do próprio autor do texto: Betto Ferreira Depois de muito caminhar, um viajante, com sua mulher e seus dois filhos, entrou numa humilde taberna e pediu qualquer prato que ali houvesse, pois estavam varados de fome. Minutos depois, o taberneiro voltou acompanhado do cozinheiro que empurrava um antigo carrinho-buffet de madeira onde estava o prato do dia. - Senhor, aos olhos pode não agradar; mas, modéstia à parte, este prato é o mais pedido em toda a região, e foi preparado por este humilde cozinheiro que a vos serve, disse o taberneiro. O homem experimentou da comida e achou muito bom. A mulher também. Um dos filhos igualmente. Em pouco tempo devoraram toda a comida. Se sentido gratos, o homem, a mulher e o filho agradeceram ao cozinheiro pela excelente refeição. - Vê-se que é um homem de talento, amigo, porque cozinhar é uma arte, diga-se, disse o homem. - Obrigado, senhor. Só sinto não ter agradado a todos, disse o cozinheiro, indicando com os olhos o outro fil

"O voo da tartaruguinha" ganha versão infantojuvenil em livro próprio

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Capa da versão infantojuvenil de O voo da tartaruguinha O conto O voo da tartaruguinha , publicado originalmente na coletânea Contos pessimistas (Livrus, 2016), ganhou uma versão solo para o público infantojuvenil. Além da síntese narrativa, a publicação conta com ilustrações coloridas criadas pelo próprio autor, o prof. Betto Ferreira. Segundo o professor, a iniciativa de reescrever o texto é resultado de pedidos de amigos professores e especialistas da educação que consideraram a narrativa original um tanto inadequada para crianças em fase de alfabetização, as quais, segundo os professores, também deveriam ter contato com o texto. Idade penal A versão original da fábula, entretanto, ressaltou o professor, deu-se em um contexto muito peculiar da época em que fora escrita. “Eu trabalhava com os anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e resolvi reagir diante da ausência de textos com a temática da diminuição da idade penal que pairava na sociedade à época. Daí pensei em um