O cordeirinho, o lobo e a pele
Certa
vez, um jovem cordeiro que havia se distanciado do rebanho, encontrou um também
jovem lobo.
Tomou
um susto danado, claro. Mas para sua surpresa, o lobo não parecia feroz.
-
Não tenha medo, cordeirinho. Quero ser seu amigo, disse o lobo.
O
cordeirinho ainda assim receou.
Mas
ao olhar bem para o lobo, que o fitava com um olhar realmente cordial, confiou.
É próprio dos bons acreditar na compunção alheia.
O
lobo então o convidou:
-
Que tal darmos umas voltas pela floresta, está uma manhã agradável.
O
cordeirinho deu uma rápida olhada em volta e verificou que era uma manhã de
fato muito agradável.
Aceitou o convite. Estaria
em segurança ao lado de um lobo, ainda que não feroz. Nada a temer.
E
andaram juntos por muitos horas. Até que se despediram amigavelmente e foram um
pra cada lado.
Noutro
dia, se encontram novamente. Desta vez não por acaso.
E
o lobo perguntou como ele tinha passado. E o cordeirinho respondeu que havia
reencontrado o rebanho e que pastou e bebeu da água do lago com os outros.
-
E você? Como passou?
O
lobo, ao contrário, se queixou. Disse ter estado sozinho nas últimas noites,
porque seus parceiros foram vítimas de caçadores inescrupulosos.
O
cordeirinho se compadeceu. E tomou a iniciativa de convidá-lo para um novo
passeio pela floresta. Como no encontro anterior, o dia estava agradável.
Desta
vez caminharam por muito mais horas. A perder do tempo.
Em
dado momento, quase noite, encontraram um lindo lago (que não era o mesmo em que os
cordeiros matavam a sede). Em tom sempre amigável, o lobo então propôs:
-
Está um tanto quente hoje e a água desse lago me parece agradável. Que tal
tomarmos um banho juntos?
O
cordeirinho receou de novo. Afinal era do seu conhecimento que lobos não são
chegados a banho. Mas era preciso continuar acreditando.
Ao
se aproximar do lago e tocar na água viu que era realmente agradável e que o tempo estava realmente quente.
Se
sentindo à vontade, tirou a pele e a deixou às margens, caindo na água alegremente.
-
Venha camarada, lobo. Chamou.
O
lobo, então, se aproveitando da confiança do cordeirinho, pegou a pele e saiu
urrando feito lobo que era.
O
cordeirinho, sem a pele do corpo, saiu do lago encabulado e triste. Como pode ter
confiado tanto.
Se sentindo traído e nu, demorou para voltar a pastar com os outros, até que
nova pele encobrisse sua vergonha.
Alheio ao sentimento do cordeirinho, o lobo passou a usar sua pele, rica em lã, para
esconder sua natureza de lobo e, assim, saciar sua fome de cordeiro.
Dizem
que faz isso até os dias de hoje.
MORAL
DA ESTÓRIA:...
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