Se a educação é um direito de todos, por que só os professores que se virem?
Fonte: ncst.org.br |
Que a educação escolar é um direito de todo cidadão, em especial das crianças, dos jovens e dos adolescentes, disso ninguém duvida. Agora, se é assim, por que os professores e educadores não fazem parte do pacote desse direito?
Por que nós,
professores e educadores, não somos igualmente importantes quando se fala em
educação escolar, em especial a pública e de qualidade, tão defendida como um
direito absoluto e fundamental.
Ora, educação
escolar não se realiza somente com e pela boa vontade do aluno em aprender (bom
se fosse assim, né?). É preciso o professor para que este cumpra a função de
agente da interação do aluno com o que a escola tem para ensinar - aquilo que
os especialistas têm chamado de competências e habilidades.
Se a educação escolar é
de fato um direito de todos e é de fato importante para todos, os
professores/educadores, responsáveis diretos pelo fazer educacional de todos,
deveriam ser igualmente importantes, não? Todos deveriam brigar pelo direito de
ter professores e educadores felizes com o que fazem. Ou não? Ou só os
professores que se virem?
Professores e
educadores sadios, físico e mentalmente, tornar-se-ão mais competentes e mais
qualificados para a prática da educação escolar. E, consequentemente, mais
engajados didático-pedagogicamente.
O amor do professor/educador
pela educação escolar, como sugerem ironicamente alguns, só não basta. Conta também que este amor
seja igualmente retribuído. E, nesse caso, o amor é o reconhecimento profissional que há muito vem sendo sonegado. Há décadas o amor pelo professor/educador vem sendo superado pelo ódio.
É extremamente
incoerente que uma sociedade que diga-se preocupada com a má qualidade na
educação de suas crianças, jovens e adolescentes não preze também pela saúde de
quem os ensina. É errado pensar que um professor/educador precise estar o dia
todo dentro de uma sala de aula para que só assim seja visto como produtivo. Educação escolar não se mede pela quantidade, mas pela qualidade.
O trabalho de
ensinar na (e pela) educação escolar não termina no espaço da sala de aula. Ou
melhor, nunca termina. Embora muitos se digam sabedores disso, ainda assim,
subsidiados por governos neoliberais, empresários gananciosos e
parte da imprensa conservadora, muitos insistem em apontar para o
professor/educador como um problema da educação (para muitos, talvez o
principal deles). Basta que este grite por um ambiente de trabalho melhor
adequado ao seu trabalho e por uma remuneração melhor adequada ao seu sustento
e ao seu próprio trabalho.
Ao contrário do
que muitos dizem, ensinar na educação escolar não é “sacerdócio”. Educação escolar não é bajulação. Nunca foi. É trabalho. E
bota trabalho nisso. E quem mais perde com um professor/educador desmotivado,
doente físico e mensalmente, é a própria sociedade (ou a maior parte dela).
Os
professores/educadores, como afirmam muitos, não são responsáveis pelos
desmandos da educação escolar. Engana-se que pensa assim. São também vítimas desse desmando que, em muito,
se fortalece pelo silêncio daqueles que mais precisam do professor/educador e
daquilo que ele ensina na escola.
Se a educação escolar é de fato um direito fundamental de todos, todos, então, têm o dever de defendê-la e defender aqueles que a fazem. Não cabe somente a nós, os professores/educadores lutar. Todos deveriam se virar pela boa qualidade da educação escolar. E educação escolar de boa qualidade passa pelo bem-estar do professor/edcuador.
Por Betto Ferreira
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